quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Meio Bethânia



Dolorida, ressentida, desconfiada, falsamente desapaixonada.
Acordarei Bethânia, quem sabe.
Lasciva...
Será melhor assim...

Karolyne Gilberta

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Parte coração

Parte Coração
Aprende que tua missão nessa vida é sofrer
Pobre coração
Dói no fundo do peito
Dizendo que existe
Mostrando que insiste em sofrer, em sofrer

Chore e bate mais forte
E as vezes mais manso
Que eu mesmo não canso
de me apaixonar

Bata e se dê o direito de gostar de alguém
Que eu dou um jeito de gostar também
Sou teu companheiro até no sofrer
mas vê se de vez em quando, em vez de chorar
você ri um pouco que é pra compensar
toda essa tristeza que é de nós dois

Parte Coração
Aprende que tua missão nessa vida é sofrer
Pobre coração
Dói no fundo do peito
Dizendo que existe
Mostrando que insiste em sofrer, em sofrer

Chore e bate mais forte
e as vezes mais manso
que eu mesmo não canso
de me apaixonar

bata e se dê o direito de gostar de alguém
que eu dou um jeito de gostar também
sou teu companheiro até no sofrer
mas vê se de vez em quando, em vez de chorar
você ri um pouco que é pra compensar
toda essa tristeza que é de nós dois

bata e se dê o direito de gostar de alguém
que eu dou um jeito de gostar também
sou teu companheiro até no sofrer
mas vê se de vez em quando, em vez de chorar
você ri um pouco que é pra compensar
toda essa tristeza que é de nós dois.


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O amor nunca morre de morte natural. Añais Nin estava certa. 
Morre porque o matamos ou o deixamos morrer. 
Morre envenenado pela angústia. Morre enforcado pelo abraço. Morre esfaqueado pelas costas. Morre eletrocutado pela sinceridade. Morre atropelado pela grosseria. Morre sufocado pela desavença. 
Mortes patéticas, cruéis, sem obituário e missa de sétimo dia. 
Mortes sem sangramento. Lavadas. Com os ossos e as lembranças deslocados. 
O amor não morre de velhice, em paz com a cama e com a fortuna dos dedos. 
Morre com um beijo dado sem ênfase. Um dia morno. Uma indiferença. Uma conversa surda. Morre porque queremos que morra. Decidimos que ele está morto. Facilitamos seu estremecimento. 
O amor não poderia morrer, ele não tem fim. Nós que criamos a despedida por não suportar sua longevidade. Por invejar que ele seja maior do que a nossa vida.
O fim do amor não será suicídio. O amor é sempre homicídio. A boca estará estranhamente carregada. 
Repassei os olhos pelos meus namoros e casamentos. Permiti que o amor morresse. Eu o vi indo para o mar de noite e não socorri. Eu vi que ele poderia escorregar dos andares da memória e não apressei o corrimão. Não avisei o amor no primeiro sinal de fraqueza. No primeiro acidente. Aceitei que desmoronasse, não levantei as ruínas sobre o passado. Fui orgulhoso e não me arrependi. Meu orgulho não salvou ninguém. O orgulho não salva, o orgulho coleciona mortos. 
No mínimo, merecia ser incriminado por omissão. 
Mas talvez eu tenha matado meus amores. Seja um serial killer. Perigoso, silencioso, como todos os amantes, com aparência inofensiva de balconista. Fiz da dor uma alegria quando não restava alegria. 
Mato; não confesso e repito os rituais. Escondo o corpo dela em meu próprio corpo. Durmo suando frio e disfarço que foi um pesadelo. Desfaço as pistas e suspeitas assim que termino o relacionamento. Queimo o que fui. E recomeço, com a certeza de que não houve testemunhas. 
Mato porque não tolero o contraponto. A divergência. Mato porque ela conheceu meu lado escuro e estou envergonhado. Mato e mudo de personalidade, ao invés de conviver com minhas personalidades inacabadas e falhas. 
Mato porque aguardava o elogio e recebia de volta a verdade. 
O amor é perigoso para quem não resolveu seus problemas. O amor delata, o amor incomoda, o amor ofende, fala as coisas mais extraordinárias sem recuar. O amor é a boca suja. O amor repetirá na cozinha o que foi contado em segredo no quarto. O amor vai abrir o assoalho, o porão proibido, fazer faxina em sua casa. Colocar fora o que precisava, reintegrar ao armário o que temia rever. 
O
amor é sempre assassinado. Para confiarmos a nossa vida para outra pessoa, devemos saber o que fizemos antes com ela.