sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Aprendendo com Nietzsche

Aprender a ver - habituar os olhos à calma, à paciência, ao deixar-que-as-coisas-se-aproximem-de-nós; aprender a adiar o juízo, a rodear e a abarcar o caso particular a partir de todos os lados. Este é o primeiro ensino preliminar para o espírito: não reagir imediatamente a um estímulo, mas sim controlar os instintos que põem obstáculos, que isolam. Aprender a ver, tal como eu o entendo, é já quase o que o modo afilosófico de falar denomina vontade forte: o essencial nisto é, precisamente, o poder não querer, o poder diferir a decisão. Toda a não-espiritualidade, toda a vulgaridade descansa na incapacidade de opor resistência a um estímulo — tem que se reagir, seguem-se todos os impulsos. Em muitos casos esse ter que é já doença, decadência, sintoma de esgotamento, — quase tudo o que a rudeza afilosófica designa com o nome de vício é apenas essa incapacidade fisiológica de não reagir. — Uma aplicação prática do ter-aprendido-a-ver: enquanto discente em geral, chegar-se-á a ser lento, desconfiado, teimoso. Ao estranho, ao novo de qualquer espécie deixar-se-o-á aproximar-se com uma tranquilidade hostil, — afasta-se dele a mão. O ter abertas todas as portas, o servil abrir a boca perante todo o fato pequeno, o estar sempre disposto a meter-se, a lançar-se de um salto para dentro de outros homens e outras coisas, em suma, a famosa objetividade moderna é mau gosto, é algo não-aristocrático por excelência.

Friedrich Nietzsche
Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.


Adélia Prado

Coisas que a vida ensina...

  Eu sei que nunca mais encontrarei nada nem ninguém que inspire uma paixão. Você sabe, não é tarefa fácil amar alguém. É preciso ter uma energia, uma generosidade, uma cegueira. Há até um momento, bem no início, em que é preciso saltar por cima de um precipício: se refletirmos, não o fazemos. Sei que nunca mais saltarei.

Sartre

Desnecessidades

Se fores laço aconchega-me em teu abraço.
Não faças de mim capacho.
Não me deixa perdida de cabeça para baixo.
Nem me mantenha presa em teu encalço.
Não quero ser sombra... tampouco preciso ser rastro.

Karolyne Gilberta.

Flamejante

Me chamas
Estremeço
Passas
Enlouqueço
Me tocas
Amanheço
Vais embora
Enfureço
A vida segue
Mesmo assim não me esqueço!

Karolyne Gilberta.

Em minhas mãos


Vou começar pisando no seu ego, mas depois subo no seu tórax para poder te dominar. Arranco tua camisa e com ela prendo tuas mãos na cabeceira da cama de modo a paralisar seus movimentos e te deixar arfando com as tentativas frustradas de se livrar das amarras para me agarrar. Depois de sussurrar obscenidades ao seu ouvido vou descer lambendo o seu pescoço e mordiscando devagar... bem devagar.
Vou respirar pertinho da tua pele para sentir o teu cheiro e deixar que você sinta de leve minha respiração. Vou desgrenhar teus cabelos e puxá-los com vigor para colocar tua boca em meus seios ou onde mais eu quiser que teus lábios passeiem. Vou abrir teu zíper, e, segurando em teu pau rijo e latejante vou experimentá-lo e deixar que minha boca caminhe por cada pedaço onde sangue nele correr. Não vou deixar de lado nem mesmo tuas bolas. Vou chupá-las firme e docemente para não te machucar. Quando você estiver quase satisfeito e a ponto de gozar vou montar em você tal qual bicho no cio subindo e descendo, entrando e saindo, me esfregando em teu corpo num alucinado frenesi... te cavalgarei sem parar até que jorre seu prazer dentro de mim. Primeiro de costas para que veja minhas nádegas e cabelo descendo sobre meus ombros e depois de frente para que possa ver meu rosto absolutamente preenchido de excitação.
Vou deixar que me arranque com os dentes a calcinha fio dental preta e que sintas o desejo me escorrendo entre as pernas. Quando eu estiver quase satisfeita dessa leve tortura vou desatar suas mãos para que teus dedos e tua língua me façam gozar mais uma vez.
Novamente vou despertar teu pau e deixá-lo outra vez enfurecido para que nossa saga continue.
Vou pedir que me acerte as nádegas com força com tuas mãos viris, que me puxe os cabelos me adestrando, que me empurre contra os lençóis a cada penetração e me deixe exausta, fatigada. Vou querer que beije minhas coxas e belisque com a ponta dos dentes o bico de meus seios. Vem fazer voltas e embriagar-se nas curvas de minha cintura. Dessa vez vou querer que vá entrando devagar em mim, mas sem pedir licença. Segurando minhas mãos e olhando dentro de meus olhos para enxergar quando vou desabar de prazer mais uma vez.
Como já me conheço sei que não vou me dar por satisfeita mesmo depois de exausta, vou implorar que COMECEMOS TUDO OUTRA VEZ.



Karolyne Gilberta.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Ejacoração

Quando tua ausência se multiplica em dias
eu me divido em saudades
consciente ou não
e de resto sobram poemas

quando a vida devolve oficialmente tua presença
o coração dá voltas
e dispara ejaculando promessas de amor



(Jamu Minka - CN 5, p.32)

O que me sobrevém


Queria saber se esse silêncio tem sido incômodo só para mim ou se de alguma maneira te afeta.
Queria saber se esse vício é só meu ou de algum jeito te acerta.
Queria saber por que agora ando sempre assim dessa forma tão alerta.
Queria saber se essa vontade te machuca tanto que também te aperta.
Dá um sinal que isso tudo é real que eu sigo a tua seta.





Karolyne Gilberta.



quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Dos prazeres dos dias e das noites


Queria que os afazeres do dia e da noite fossem invertidos.
Queria que as pessoas vivessem durante a noite e dormissem durante o dia... não que eu não goste de sol, que não goste de luz natural, mas, é que tudo fica deliciosamente opaco durante a escuridão noturna.
Mas em verdade vos digo: acabo preferindo que as coisas sejam exatamente como elas são. O silêncio noturno me agrada muito mais.

Karolyne Gilberta.