quinta-feira, 29 de abril de 2010

Marla de Queiroz


“Eu nunca fui uma moça bem-comportada.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida,
pra paixão sem orgasmos múltiplos
ou pro amor mal resolvido sem soluços
Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo.
Não estou aqui pra que gostem de mim.
Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho.
E pra seduzir somente o que me acrescenta.
Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa.
Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros,
mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,
em alegrias explosivas,
em olhares faiscantes,
em sorrisos com os olhos,
em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma,
no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades..."

Mistérios Inventados

"É por isso que eu prefiro não me apaixonar. Todas as pessoas tem o que se considera "ideal" em um parceiro. O meu ideal não se encontra nessa época.

Hoje o apaixonar-se requer muito jogo e muita regra.

O meu apaixonar-se é devastador, desatinado, simples, gritante. A paixão de hoje é com os limitadores de não parecer-se mandado, de não ser menos que o outro, de não querer mais, não dizer mais e não declarar-se mais.

Não se mata e morre por isso.

Eu quero uma paixão que me faça sofrer, sorrir, desesperar, amar... eu quero uma paixão que me faça morrer cada vez que a pessoa vai embora e me faça reviver com um sorriso.

Eu quero uma paixão que me domine, que me destrua e me construa novamente. Chega de rótulos de gritos de independência, chega de mistérios inventados... me deixem ser só pele."

Achei,gostei,compartilharei!

Nunca postei textos que tenha lido em outros mas achei dois tão bons e a minha cara que não resistirei!

Lá vão eles.
Primeiro um das Malvadas e depois um do blog Bem me quer.
Para não enfeiar os textos vou postar cada um de uma vez!!!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Chico Xavier: o filme


Assisti o filme do Chico Xavier,simplesmente lindo!
*.*
Já conhecia a trajetória de vida de Chico [frequentei centros espíritas por mais de 10 anos, abandonei há uns três], mas, não imaginei que a Globo Filmes tivesse essa sensibilidade para conseguir o resultado final que a obra alcançou. Ficou bom, muito bom mesmo!
Chorei nas duas vezes que assisti até agora, e olha que nem sou emotiva não. A última vez que chorei vendo filme foi quando assisti O Curioso Caso de Benjamin Button, que também é emocionante demais por sinal!Mas o filme não e só tristeza, tem cenas engraçadas como a do avião e outra que ele leva umas "evangelhadas" na testa para afastar espíritos obsessores que ele "retira" do corpo de umas obsediadas em sessão espírita.

Quem tiver oportunidade assista, vale a pena![até parece que alguém lê isso.=X]
;]

segunda-feira, 26 de abril de 2010


Pensar que a gente cessa é íngreme. Minha alegria ficou sem voz.
...

Com pedaços de mim eu monto um ser atônito.


...


Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
...


Tem mais presença em mim o que me falta.


O meu amanhecer vai ser de noite.


Onipresente, estarás em todos os armários,
e pomos à mesa uns vinhos e tais
que incitem a bailar
o taciturno apóstolo S. Pedro.
E de Ervas encheremos de novo o paraíso:
uma palavra tua, -
e esta mesma noite
pelas ruas juntarei
as mais belas raparigas.
 
Queres?
 
Ou não queres?
 
Abanas a cabeça, cabeludo?
Franzes as sobrancelhas cãs?
Achas
que esse aí
com asas, atrás de ti,
sabe o que é o amor?

Querida!
Não te assustes
que no meu costado de louco
haja sentadas mulheres de saias molhadas, -
é uma carga que levo comigo pela vida fora:
milhões de amores puros e enormes
e milhões de milhões de pequenos amores sujos.
Não temas
que de novo
caia na infidelidade habitual,
me atire a milhares de caras bonitas, -
as amantes de Maiakovski
são uma dinastia
de rainhas entronizadas no coração de um louco.



Choveu de noite até encostar em mim. O rio deve estar mais gordo. Escutei um perfume de sol nas águas.


Mulher andando nua pela casa
Envolve a gente de tamanha paz.
Não é nudez datada, provocante.
É um andar vestida de nudez,
Inocência de irmã e copo d'água.
O corpo nem sequer é percebido
pelo ritmo que o leva.
Transmitam curvas em estado de pureza,
dando este nome à vida: castidade.
Pêlos que fascinavam não perturbam.
Seios, nádegas (tácito armistício)
Repousam de guerra. Também eu repouso.
oh chega, chega, chega de beber-me,
de matar-te, e, na morte, de viver-me.
Já sei a eternidade: é puro orgasmo.

Carlos Drumond de Andrade

Água em meu coração



"Formiga é um ser tão pequeno que não aguenta nem neblina. Bernardo me ensinou: para infantilizar formigas é só pingar um pouquinho de água no coração delas. Achei fácil."

sábado, 24 de abril de 2010

“Toda pessoa grande foi criança um dia. Mas poucos se lembram disso” 
Saint-Exupéry

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Cerveja

É melhor dizer
Amor acabou a cerveja !
Do que chorar
Cerveja acabou o amor !
Cerveja
Eu compro caro no
Supermercado
Amor se conhece por ser dado
Mas no final das contas
Amor é o que conta
Porque dinheiro
Não é
Um bem
É melhor dizer
Amor acabou a cerveja !
Do que chorar
Cerveja acabou o amor !
Você
Havia dito que eu estava errado
Tanto fando
Quanto calado
Mas esse copo Que , fiel , me acompanha Tanto faz Mesmo em silêncio Ele entende Meu ais
ele era gago, vesgo e mancava de uma perna
e daí? era gostoso, inteligente e tinha uma
boca linda
sabia dizer coisas belas em horas estranhas
e chorava quando se sentia completamente
feliz

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Um sorriso



 Todas as boas lembranças que tinha para contar faziam-na rememorar um sorriso.
Não um sorriso grande e barulhento como os que costumava ofertar ao mundo, era um sorriso tímido, daqueles de canto de boca. Um sorriso que surge de dentro para fora; que começa na alma atinge o coração e fica dividido entre os lábios e os olhos. Aqueles sorrisos de gente boba, apaixonada, de quem quer ocultar ao mundo a profusão de sentimentos que borbulham dentro de si. Um sorriso que vacila entre “se apresentar mulher” ou deixar falar a menina que habita inquieta em seu ser.
Mas o sorriso que se lembrara durante o banho naquele dia era um desses sorrisos e ainda tinha um “Q” a mais. Era uma de suas melhores lembranças, um de seus “melhores” sorrisos.
Em seu início nem tinha ideia que lembrar-se-ia dele mesmo com o passar do tempo, mesmo com a distância que havia entre ela e aquele que lhe provocara aquele sorriso... Só sabia naquele dia, só percebera naquele banho que possuía recordações nítidas do momento que dera origem a ele.
Rememorava agora as cores das luzes que a rodeavam na fatídica noite, das conversas que aconteciam entre os membros da mesa, mas, que ela preferia não prestar atenção para tentar dominar o “bate-boca” interior; dos cheiros que se esbarravam, pois, estes eram muitos. Haviam as bebidas, haviam os perfumes, haviam ainda as essências corporais de cada um. Recordava-se ainda da música que tocava e como sua insistência havia lhe rendido a companhia do dono do sorriso na dança de pelo menos metade das músicas...
Não se lembrava de uma noite que tivesse dançado tanto e tão alegremente ao lado de um parceiro. Estava extasiada, apaixonada e embevecida! Não se recordava de haver dormido ou não naquela noite tamanha era a euforia que tinha dominado seu ser naqueles instantes, mas, tinha a angustiante certeza que não dormiria ressuscitando aquelas suaves e doces lembranças.
Tinha que admitir: aquela havia sido uma noite feliz!Só doía-lhe admitir isso depois que todo o encanto e magia seqüenciais ao primeiro sorriso, que se seguiram de muitos outros, obviamente, tinham se perdido no tempo e espaço atropelados pela carruagem desenfreada que é a vida!

terça-feira, 13 de abril de 2010

PECADORA
Pelas salas silenciosas do claustro,
Que guardam cinzas de ilusões passadas,
Que guardam pet’las de funéreas rosas.
De um ente caro, amigo verdadeiro.
Lá encontrei um pálido coveiro
Com a cabeça para o chão pendida;
Eu senti a minh’alma entristecida
E interroguei-o: “Eterno companheiro
Da morte, quem matou-te o coração?”
Ele apontou para uma cruz no chão,
Ali jazia o seu amor primeiro!
Depois, tomando a enxada, gravemente,
Balbuciou, sorrindo tristemente:
-- “Ai, foi por isso que me fiz coveiro!”
Tinha no olhar cetíneo, aveludado,
A chama cruel que arrasta os corações,
Os seios rijos eram dois brasões
Onde fulgia o simb’lo do pecado.
Bela, divina, o porte emoldurado
No mármore sublime dos contornos,
Os seios brancos, palpitantes, mornos,
Dançavam-lhe no colo perfumado.
No entanto, esta mulher de grã beleza,
Moldada pela mão da Natureza,
Tornou-se a pecadora vil. Do fado
Do destino fatal, presa, morria,
Uma noite entre as vascas da agonia,
Tendo no corpo o verme do pecado!


A LOUCA

Quando ela passa: -- a veste desgrenhada,
O cabelo revolto em desalinho,
No seu olhar feroz eu adivinho
O mistério da dor que a traz penada.
Moça, tão moça e já desventurada;
Da desdita ferida pelo espinho,
Vai morta em vida assim pelo caminho,
No sudário da mágoa sepultada.
Eu sei a sua história. -- Em seu passado
Houve um drama d’amor misterioso
-- O segredo d’um peito torturado --
E hoje, para guardar a mágoa oculta,
Canta, soluça -- o coração saudoso,
Chora, gargalha, a desgraçada estulta.


Augusto dos Anjos

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O Outro Processo

"Preciso dormir dozinho no meu domicílio...É a ansiedade que argumenta que, assim como quem estiver deitado no chão não poderá cair, nada nos poderá se nos encontrarmos a sós." Não suporta receber visitas em seu quarto. A própria convivência com a família num e no mesmo apartamento atormenta-o.
"Não posso viver em companhia de outras pessoas. Detesto incondicionalmente todos os meus parentes, não por serem meus parentes, nem por tratar-se de criaturas ruins,...senão simplesmente porque são os seres humanos que vivem mais perto de mim."

Elias Canetti

sábado, 10 de abril de 2010

Em intesidade

Noite com direito a incenso exalando fumaça em cima do criado-mudo, luz de pequenas velas espalhadas pelo quarto e deitar mais cedo que o habitual. Dormir não dormiria prontamente, mas, permitira-se deitar antes do horário rotineiro para dedicar-se a um suposto processo criativo.

Poder-se-ia dizer que estava mais preguiçosa que o corriqueiro, mas era uma preguiça diferente. Pensava muito, lia muito, ouvia muitas músicas, buscava novidades, mas, não conseguia sair do estado de letargia que lhe tinha apunhalado a fortes golpes o espírito.

Não tinha a mesma vontade de sempre de sair, ver pessoas, conversar (e com toda certeza essa era uma das coisas que mais gostava de fazer). Porém, se conhecia a ponto de saber que aquilo não era um estado depressivo, tampouco TPM. Era um estado novo, e como era de costume estava mergulhando naquelas novidades.


INTENSIDADE: talvez aquela palavra definisse bem sua vida. E não seria diferente com aquele novo estado de espírito.

Esperava ao menos que ao final de tudo não houvesse pedaços de si espalhados, ou quem sabe na verdade ansiasse por isso com a mesma sofreguidão do ar que respirava. Sentia necessidade de reconstruir-se. Queria ser outra e não mais aquela. Aquela que enxergava, mas, não reconhecia!

 Karolyne Gilberta.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Se a mesma preguiça de escrever tivesse dominado meu pensamento, estaria fudida e mal paga...como se costuma dizer por ai!