sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Regalo

Ele cuida tão bem de meus pequenos e grandes lábios
que onde passa, serpenteando sua língua morna,
me arrepia os pelos e me faz contorcer de uma agonia deliciosa.
Só de recordar minha boca se enche de saliva
e escorro quando lembro como corre ligeiro sugando o que é meu regalo
e afunda em mim seus dedos experientes que vagueiam em busca de meu gozo.
A pele se inflama, vira pólvora e implora o toque da boca.
Já conhece meu ritmo e, para me deixar perdida, sempre inventa novos caminhos
Os beijos na vulva envolvem meus sentidos e irrompo em gemidos
antevendo a perda do juízo no gozo final.






Karolyne Gilberta

A primeira noite é sempre a mais longa

A primeira noite é sempre a mais longa.
É nela que nasce toda a dureza que reside na ausência de tua rigidez.
É quando teus braços, pesando sobre meus seios e costas,
não mais encontram abrigo em minha pele inflamada moldada no contato de nossos corpos.
Tuas mãos em carinhos furtivos em meus cabelos em desordem desaparecem também.
E os beijos, sonolentamente dados do meio da madrugada,
dão lugar ao espaço vazio na cama e ao sono interrompido...
e à saudade que agora vai insistir por dias incontáveis em fazer companhia
até que sejamos novamente privação da saudade-afeto e carícias -satisfação dos desejos
para voltar a ser a primeira e vivermos a agonia da noite mais comprida de todas outra vez.

Karolyne Gilberta
Tudo conspira
para que eu não mais te respire!
 
 
 
Karolyne Gilberta
Ele
vício
Eu
mãos atadas em queda livre
rumo ao precipício
 
 
 
Karolyne Gilberta

Sertão/Ser só

Voltando para casa
pela estrada de galhos ressequidos
da janela do carro fitei o sol vermelho que encheu meus olhos
de saudades lacrimejei.
Foi como se minhas pupilas guardassem naquele momento único
toda a água que não tem caído sobre o sertão anos a fio.



Karolyne Gilberta

Pertencimento

Aquele que me revira a cabeça e de dentro dela não sai
Aquele que me agita as entranhas quando repousa os olhos nos meus
Aquele que me assanha a libido nos momentos em que passeia por meu corpo
Aquele que me faz suspirar em todos os momentos que me despe não só a pele, mas também a alma
Aquele que me arranca os pudores quando sussurra palavras obscenas em meus ouvidos
Aquele que me livra dos medos daquilo que poderá ou não um dia vir a ser...
de todas e tantas incertezas
Aquele que me desvenda e sabe sobre minhas vontades tanto quanto ou mais que eu....
Em tudo que faço encontro-o.
Recebo-o sempre caminhando em minha direção, ainda que na contramão.
Onde um está o outro também se faz presente pelos pensamentos que se procuram para se completar
não sei se por obra do destino, do acaso ou das vontades...
sei apenas que cada dia mais unidos estamos
Pelos sentimentos e pelos desejos da carne!



Karolyne Gilberta

Nó(s)

Aquilo que aperta
Aquilo que é nó
Uma hora do peito cessa
Quem sabe vira pó



Karolyne Gilberta

No ato

ancas
arrebitadas
- bateu:
no
ato
apaixonei










Karolyne Gilberta

Vai-e-vem

pernas
abertas
membro
atento
frenéticos
movimentos




Karolyne Gilberta