Quando eu tinha medo eu não me jogava com tanta força na vida. Por isso, as rachaduras que todos nós ganhamos por vivê-la em plenitude, em mim não eram tão grandes. Mais pareciam pequenas infiltrações que gotejavam de quando em vez.
Olhos fechados, braços abertos, peito exposto, talvez um excesso de transparência.
Depois que abandonei o medo as cicatrizes nunca se fecharam e foram somando-se umas as outras e formando um vão... uma não muito pequena cratera que passou a me compor. Um pedaço intransponível, ou quem sabe indispensável.
De tanto viver sem medo, agora guardo comigo o medo maior de que esse vão nunca se feche completamente, e, de tanto jorrar, acabe me esvaziando de vez.
Karolyne Gilberta
Um comentário:
Gostei, gostei mesmo. Inspirador
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