domingo, 21 de julho de 2013

O amor em 10 atos

1ª ato 
Você deitado sobre o colchão com os olhos cravados nos meus a me enviar, quase que desesperadamente, súplicas mudas, desejos imperativos que eu faça de seu corpo minha taça. Sorvo o que me dedicas. Teu recipiente transborda repleto de minha bebida predileta: teu gosto. Passeio com meus lábios sempre aquecidos pelos quereres por seu corpo que se encontra em estado de alerta. Bebo-te.

2ª ato
Mais do que ver, sinto seus arrepios como se partissem de mim. Vagueio entre pêlos e cabelos, do pescoço a virilha. Detenho-me em tom de quase brincadeira entre suas coxas, espiando de soslaio suas bolas envoltas em poucos e curtos pentelhos, nariz e lábios abaixo de seu falo semi-rijo. Teu pau me encara. Teus olhos me vigiam.

3º ato
Abocanho teu membro, que percebendo as batalhas que travará dentro em breve, mais e mais se agiganta ocupando todo meu céu. Beijo-te o topo da cabeça do membro para não perder de minhas entranhas seus pensamentos e desço com a boca aberta para proporcionar-te abrigo em local seguro. Chamo as mãos companheiras para ajudar nos afagos. Me prolongo. Te provoco. Me redimo dos pecados.

4º ato
Sento sobre teu falo imponentemente em riste. Devagar. Elevo-me. Agacho. Minhas nádegas encontram tua pele preta. Ergo-me. Descaio. Teu pau mergulha no mais profundo de meu labirinto. Encaixo-me. Componho canções em meu interior para sua bravura. Convido-te para dançá-las em meu colo. Solicito sua presença em meu salão de festas. Fatalmente te engulo.

5º ato

Excitada, em delírio, febril, me precipito sobre tua boca macia e feita sob medida para meus usos. Beijo-te a exaustão. Te afago violentamente afável, e, já fora de mim, cedo-me para que ocupes meus espaços abandonados. Ofereço meus pequenos e grandes lábios para que sua língua irrompa em minhas margens que sobejam sob seus desmandos. É tua minha fenda.

6º ato
Úmida. Convulsiono a cada sucção que me dedicas e ofegante deixo que me consumas. Não extenuo de me derramar. Entorno. Tu devoras o que me excede. Sou toda excessos. Submeto-me ao poder de tuas carícias, que me chegam também pelas mãos. Entre palma, dorso e dedos vou me liquefazendo. Entre afagos, toques suaves e penetrações vou me diluindo. Meu clitóris expande. Endureço. Sinto-me pronta.
 
7º ato
Assim, ajoelhada sobre tua face reconheço-me refém dos prazeres. Deliciosamente desprotegida. DEBILitada. Avoluma o delírio que sinto através de teus toques. Com eles tu me arrancas o juízo. Coloco as mãos na parede como a pedir clemência e gemo alto, talvez seja até um grito e não um gemido, de tanto que é intenso o que sinto. Pernas como nunca antes trêmulas. Raciocínio inexistente. Flutuo de pernas bambas e abertas diante de teus olhos atentos.
 
8º ato
Trocamos de lugares. Deito-me no colchão e deixo que você se encaixe em meu corpo e me possua com vigor e vontade. Avanças dentro de mim e lascivamente alimentas o movimento dos quadris, num ritmo cada vez mais frenético. Prendo-te em meus olhos e boceta. Comprimo. Te dou passagem e abrigo. Novamente abandono meus espaços para que os ocupe. 


9º ato
Te sinto em minhas paredes. Tua textura. Tua largura crescente. Queimas. Repetidamente me escapam os gemidos. Tu me acompanhas nos não silêncios. Brindamos os distraídos com nossos sons em plena luz do dia. Faz parte do nosso show. Fico de quatro e você se embrenha em mim. Percorre minhas matas. Me acerta em cheio. Me vêm novamente o gozo. Desabito-me. Ouço teu urro. Sucumbes. Ocupo seus espaços. Repousa frouxo, farto, morto, por sobre minhas costas. Jorras e te sinto me escorrer por entre as pernas.

10º ato
Desfaleço. Perco os sentidos. Encontro novos. Flutuo outra vez no ar e é como se ouvisse música. Preciso (te) sentir tudo (todo) outra vez e mais uma vez ainda. Encontramos nossos corpos displicentemente abandonados sobre o colchão e é como se atirassem um fósforo aceso em minha fogueira em brasa. O único caminho possível para meu corpo aceso ainda em chamas é o recomeço.



Karolyne Gilberta


Referencias musicas:
Chico Buarque - Sem Fantasia e Construção
Cazuza - Faz parte do meu show

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