quarta-feira, 25 de junho de 2014

Ainda chamo-te de meu

Ainda chamo-te de meu
Mesmo sabendo que cada um é uma estrada que, às vezes, encontra-se com outra nas bifurcações do caminho

Ainda chamo-te de meu
mesmo sabendo que sua estrada veio depois da minha ao mundo, encontrou outras tantas e viveu outras experiências tão díspares das minhas

Ainda chamo-te de meu
mesmo sabendo que minha estrada de tão torta mal encontra o caminho da tua na maioria dos dias

Ainda chamo-te de meu
mesmo sabendo que cada estrada pertence a si mesma e que quem caminha por elas não tem o direito de nada além de deixar marcas ou pegadas enquanto passeia

Ainda chamo-te de meu
mesmo sabendo que o aroma de água molhando a terra e os risos que espalho quando caminhamos um pelo outro não são suficientes e também carregam um outro lado de lágrimas e um punhado de dor quando a tempestade desagua

Ainda chamo-te de meu
por mero descuido (não por que lhe queira minha propriedade), talvez por acaso ou simplesmente para dizer-te que é muito bom quando nossas estradas se encontram quando em vez parece que de tão juntinho, mesmo sendo impossível, a gente acaba virando um caminho só.


Karolyne Gilberta

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