quarta-feira, 25 de junho de 2014

Cotidiano

Foram-se os poemas eróticos e as palavras em rima... as surpresas...,
Vieram os telefonemas sempre noturnos e previsivelmente em dias alternados.
Surpreendidos foram pelo cotidiano.
Amarrotados, encaixotados nas paredes do dia-após-dia.
Foram-se as mensagens curtas e declarações do tesão incontrolável, que ainda hoje alimenta a chama de ambos os corpos,
Vieram os eu te amos e algumas juras de “às vezes” eternidades.
Foi-se o derramamento de afeto e a presença nos espaços virtuais,
Vieram, além dos diálogos cada vez mais monossilábicos nas “redes”, os muitos abraços e beijos trocados nos espaços “reais”.
Foi-se a emoção inicial das frequentes chegadas e partidas compartilhadas às vezes em apertados colchões,
Vieram as noites dividindo camas espaçosas onde, muitas vezes também se divide longas crises de insônia e sonhos intranquilos.
Foi-se o medo do compartilhar os afetos,
Vieram as famílias, amigos(as), histórias de ambos para acrescentarem mais vida à vida dos dois.
Foi-se a leveza do “quase relacionamento” que deixava o muito de intimidade de fora,
Veio o fardo das experiências vividas impossibilitando as novas de acontecerem sem comparação com as anteriores.
Foram-se tantas coisas que ela nem sabe dizer, do muito que resiste,
O que vive porque é de agrado e o que subsiste apenas por hábito ou por falta de amar-se mais.
Coisas que foram... gente ... sentimentos... outras que ainda irão... histórias...
Da certeza de saber-se apenas que nada é eterno.
Coisas vão, outras chegam e algumas simplesmente mudam de face.
 
 
Karolyne Gilberta

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