terça-feira, 21 de agosto de 2012

Mulheres - por Bukowski

Tinha as minhas ideias sobre sexo. Andava teso e masturbava-me constantemente. Fazia amor com Lydia e quando chegava a casa de manhã masturbava-me. Pensar no sexo como coisa interdita lançava-me num estado de excitação próximo do delírio. Como um animal que submete o outro, lançando-o ao chão.
Quando me vinha tinha a sensação de o fazer sobre o rosto de tudo o que era decente, o branco esperma pingando sobre as cabeças e as almas dos meus pais já mortos. Se eu tivesse nascido mulher, seria certamente prostituta. Mas como nasci homem, desejava constantemente mulheres, e quanto mais decadentes, melhor. E contudo as mulheres -- as mulheres respeitáveis assustavam-me porque elas queriam apossar-se da alma e eu queria manter o que restava da minha. Eu desejava essencialmente prostitutas, mulheres decadentes, porque elas eram mortais, insensíveis e não pediam nada. Quando se iam embora, não perdíamos nada. Ao mesmo tempo desejava uma mulher doce e gentil, apesar do preço a pagar. De qualquer dos modos, eu estava perdido. Um homem forte conseguiria as duas coisas. Eu não era forte. Por
isso continuei a lutar com mulheres, com a ideia das mulheres.

Charles Bukowski
Trecho da obra Mulheres.

Um comentário:

Artes&comércio disse...

Este é o cara!!! fodástico...